A falta de valorização dos profissionais de Tecnologia da Informação.
Com o efeito da globalização, que é simplesmente o fruto da comunicação integrada entre sistemas de informação e tecnologia, as rápidas mudanças tecnológicas e o modelo econômico neoliberal em detrimento da própria globalização, fizeram crescer de forma grandiosa a demanda por profissionais na área de TI, tome nota de qualquer área de TI.
Mas, ao passe dessa demanda nasce também uma desconfiança, será que os profissionais de TI reconhecem e tem conhecimento sobre o seu devido valor de mercado? Ou melhor, sobre o devido valor de seus serviços para o mercado?
Pois bem, não acredito que todos sabem desse “pequeno” detalhe, talvez por falta de informação ou por simplesmente concentrar seus conhecimentos em seu know-how esquecendo-se de outras coisas tão quanto relevantes para a profissão. O valor de um profissional segue pelo valor de seus serviços, não é aquela máxima de “serviço bom é serviço caro”, mas sim de que “serviço bom é serviço bem cobrado”, reconhecer o valor de sua profissão, de sua área de atuação é simplesmente imprescindível para reconhecer os padrões de mercado.
Muitas empresas, principalmente PME, não reconhecem a área de TI como um departamento especializado, ou um setor especializado, porem isso não ocorre em empresas de grande porte porque elas necessitam dos profissionais de TI como setor de inteligência competitiva, e porque estes profissionais são simplesmente, em muitas organizações, a base de atualização, processamento de informações, ativos internos e atuação mercadológica das mesmas, mas em empresas de Pequeno e Médio Porte, não todas claro, TI é simplesmente uma ferramenta para estabelecer a comunicação entre a empresa e o consumidor, segue-se então uma desvalorização da profissão ao impasse desse reconhecimento superficial por parte de PMEs.
Tenho conhecidos que abandonaram seus cargos em Administração de Redes para se dedicar em abrir uma empresa de consultoria especializada em TI para empresas de médio e grande porte, trabalham com atualização de tecnologias, desenvolvimento de software, redes etc. E segundo relatos, esta compensando, em termos financeiros, muito mais do que ser simplesmente fixo em determinada empresa. Pegando um gancho nas rotulações de Gerações, a tal Geração Y é vista como uma geração “dinâmica”, “flexível” e cheia de “motivação e criatividade”, por isso elas mudam de emprego constantemente, em busca de novas idéias, experiências etc.
Bem, isso é uma explicação um tanto quanto utópica e superficial, visto que os mesmos “teóricos” que rotulam estas gerações dizem que a tal geração y esta em busca de estabilidade e “viver bem”, existe uma contradição ai, ou não? Os Profissionais de TI dessa tal Geração Y, devem participar dessa contradição, pois muitos, como os meus conhecidos citados acima, simplesmente saíram não por falta de estabilidade financeira, afinal, um contracheque de quatro mil por mês deveria agradá-los, mas o fato é que não foi falta de estabilidade financeira que os fizeram abandonar a sua empresa, mas por uma indefinição ou falta de visão da própria organização que eles estavam, falta de plano de carreira para seus profissionais, ou mais especificamente falta de investimento em TICs.
A culpa dessa desvalorização não é apenas dos profissionais que não saibam cobrar por seus serviços, este também é um fato visível e real para a desvalorização, mas existe outro fator que é imprescindível para nossa avaliação. Na década de 80~90 os profissionais que eram recém formados em ciência da computação, engenharia da computação, sistemas de informação, eram muito mais valorizados, uma vez que a oferta de mão de obra em TI era escassa, tempos depois, hoje mais precisamente, a desvalorização se tornou clara, por três motivos, 1 – mão de obra barata, 2 – o barateamento das TICs e 3 – Falta de inteligência de mercado dos profissionais de TI. As duas primeiras características já não é novidade, mas a terceira, falta de inteligência de mercado, é uma novidade que tem ganhado grande repercussão, seja por inteligência de mercado como é usado aqui neste artigo, ou como visão ou processo de negócios etc.
O senso básico de profissionais de TI que tinham uma visão de negócios ou tenha uma percepção sobre os processos de negócios eram totalmente condicionados a visão e valores da organização que eles estavam inseridos. A inteligência de mercado por sua vez trás algo a mais como: uma comunicação integrada para profissionais, domínio da língua portuguesa – escrita e oral – e um plano de carreiras bem definido, estas são características que estão definindo a inserção e a não inserção de profissionais em muitas organizações pelo Brasil.
As empresas, mais especificamente os gestores, não compreenderam ainda qual a relevância dos profissionais de TI na tomada de decisão, talvez pela intensa competição existente no mercado capitalista, ou por simplesmente falta de senso critico e avaliativo dos perfis profissionais na área de TI. Uma pesquisa realizada em 2003 pela ComputerWorld, revelou naquele ano que os profissionais de TI não tinham uma perspectiva otimista em relação ao seu próprio crescimento profissional, embora, segundo a pesquisa, os profissionais não demonstrassem desinteresse ou arrependimento em relação a escolha da carreira de TI, o grande problema era uma falta de plano de carreira.
Ferramentas de Gestão Conhecimento que estão sendo integradas dentro das organizações, apontam algumas soluções como o Sense Making, que é uma orientação e socialização entre os colaboradores e os profissionais a respeito dos valores, missão e re-ordenação sobre as funções que se devem ser exercidas, não creio que o velho método de programa de recompensas volte a funcionar normalmente, mas o “novo” método que condiciona motivação e orientação possa amenizar a linha que separa os gestores dos colaboradores/profissionais dentro de uma organização.
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